sexta-feira, 22 de maio de 2009


Lápide 1
epitáfio para o corpo
Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.
Lápide 2
epitáfio para a alma

aqui jaz um artista
mestre em desastres
viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte
deus tenha penados seus disfarces

se amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios

no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?

a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal-entendidos?
a noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome



nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis

até esse erro aprender
que só o erro tem vez





um bom poema leva anos
cinco jogando bola, mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra, nove namorando a vizinha,
sete levando porrada, quatro andando sozinho,
três mudando de cidade, dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você, caminhando junto

Não Discuto


não discuto
com o destino

o que pintar
eu assino

quatro dias sem te ver
e não mudaste nada

falta açúcar na limonada

me perdi da minha namorada
nadei nadei e não dei em nada

sempre o mesmo poeta de bosta
perdendo tempo com a humanidade

quinta-feira, 21 de maio de 2009



Nem todo hora
é obra
Nem toda obra
é prima
Algumas são mães
Outras irmãs
Algumas
clima